Resenha: Flores - Afonso Cruz

10 julho 2016


Edição: 1
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788535927252
Ano: 2016
Páginas: 272


Livro cedido em parceria com a editora
Sinopse: Um homem sofre muito com as notícias que lê nos jornais, com todas as tragédias humanas a que assiste. Um dia depara-se com o fato de não se lembrar do seu primeiro beijo, dos jogos de bola nas ruas da aldeia ou de ver uma mulher nua. Outro homem, seu vizinho, passa bem com as desgraças do mundo, mas perde a cabeça quando vê um chapéu pousado no lugar errado.Contudo, talvez por se lembrar bem da magia do primeiro beijo e constatar o quanto a sua vida se afastou dela , o homem decide ajudar o vizinho a recuperar todas as recordações perdidas. Em seu livro mais recente, o português Afonso Cruz apresenta uma bela reflexão sobre o amor e a memória.


O livro conta a história de um homem que ao perder o pai percebe que seu casamento anda mal, que não consegue ao menos se relacionar com sua filha, e que não conhece nem mesmos seus vizinhos. A partir daí, passa a visitar seu vizinho, que passa outro tipo de problema, como a perda da memória aos poucos, e através dos diálogos entre eles, o personagem começa a perceber e sentir as coisas a sua volta.

Deduzi que o personagem principal se chama Kevin, a cada inicio de capitulo ele encena uma conversa referindo-se a Kevin, e demonstra nisso que ele possuí, entre outros, o conflito com ele mesmo.
“Tenho certeza de que a vida morre com a rotina e não com a morte, e que o habito nos petrifica, um dia olhamo-nos ao espelho e estamos transformados em estatuas.” 
O autor é sensacional, um misto de Fernando pessoa com Jorge Amado. Tem um jeito poético de traduzir dramas e perdas, como a morte do pai, a doença do vizinho Ulme assim como a morte do amor por sua esposa Clarisse; o renascimento de paixões passageiras e os amores do passado de alguns personagens, e por se tratar de um drama o autor teve o cuidado de brincar com esses personagens, deixando assim a leitura mais leve.

A capa é linda, com vazado em formato de flor. Eu adorei. Páginas amarelos e letras de tamanho adequado, possui orelhas mas senti falta de divisor de capitulo. Tive um pouco de dificuldade em relação a alguns termos usados somente no português de Portugal. E acredito que poderia ter notas de rodapé com significados.
Eu gostei muito de ler esse livro, pois é uma escrita riquíssima para quem gosta de temas assim. Super recomendo!
“A Clarisse mexeu-se, como se tivesse ouvido os meus pensamentos, encostou as mãos a minha cabeça e eu senti-lhe o coração bater na ponta dos dedos. Com isso me faz confusão, não conseguia dormir, mas não queria afastá-la, por já estarmos tão distantes.”








Avaliação:



Sobre o autor:



Além de escrever, Afonso Cruz é ilustrador, realizador de filmes de animação e compõe para a banda de blues/roots The Soaked Lamb (onde canta, toca guitarra, harmónica e banjo). Nasceu em 1971, na Figueira da Foz, e haveria, anos mais tarde, de viajar por mais de sessenta países. Vive com a sua família num monte alentejano onde, além de manter uma horta e um pequeno olival, fabrica a cerveja que bebe. Em 2008, publicou o seu primeiro romance,A Carne de Deus – Aventuras de Conrado Fortes e Lola Benites e, em 2009, Enciclopédia da Estória Universal, galardoado com o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco – APE/Câmara Municipal de Famalicão. Escreveu, ainda, Os Livros Que Devoraram o Meu Pai (Prémio Literário Maria Rosa Colaço 2009), A Contradição Humana (Prémio Autores 2011 SPA/RTP; seleção White Ravens 2011; Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração 2011) e A Boneca de Kokoschka.




8 comentários:

  1. Adorei a resenha do livro!
    A capa é super criativa pois amo flores ♥ O enrendo é bem legal sobre memórias/lembranças e a situação dos personagens que vivem desta maneira. Fiquei curiosa pra ler ^^

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  2. Gosto de livros que tenham um bom drama, a vida do personagem não anda nada bem, mas só depois de conversar com o vizinho que parece que ele começa a enxergar as coisas de outra forma.

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  3. Não conhecia o autor e nem sua obra. Todavia gostei da resenha, porém não sei se eu leria.

    Achei a capa linda.

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  4. OLha só que resenha apaixonante! Se já me interessava pelo livro antes, agora é que correrei para comprá-lo de qualquer forma. Obrigada por compartilhar sua opinião sobre ele conosco...espero que a minha leitura me traga tantas coisas boas quanto trouxe para você.
    Um beijinho,
    PS: eu achei que a capa azul é mais clássica (tem duas, pesquisei um pouco mais do livro e do autor) achei essa bem bonita, mas a azul me encantou!

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  5. Olá, Graça.
    A premissa da obra é muito boa e eu já estava curioso. Agora, com essa definição da escrita do autor você me ganhou: Fernando Pessoa com Jorge Amado? Preciso conferir isso.
    Excelente resenha.

    Desbravador de Mundos - Participe do top comentarista de julho. Serão quatro livros e dois vencedores!

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  6. Olá!
    Não conhecia o autor e nem seus livros. A capa está muito bonita e a premissa é interessante. Sua resenha está muito esclarecedora, ótima mesmo! Se tiver oportunidade, talvez venha dar uma chance a obra. Obrigada pela dica. Beijos.

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  7. não conhecia o livro nem o autor
    e amei a capa, apesar de no começo ter tido uma ideia totalmente diferente do livro
    mas só pela resenha me fez pensar, como a gente vive com estranhos né?
    ninguém se preocupa mais em conhecer ninguém
    colocar na minha lista, adorei a dica

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  8. Gosto de livros que retratam família e conflitos assim, é interessante de ler. Não conhecia esse livro. Parece bom, acho que iria curtir ler. Ainda mais se for bem escrito. E essa capa é mesmo uma graça =)

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